CHUVA FINA DE OLHAR



De cima caem gotinhas
Fugindo da luz da lua
Lembram saudades minhas
Molhando a boca tua

No tilintar do telhado
Escorrendo se refaz
De fina chuva molhado
Mansinha fazendo paz

Lançadas abaixo saltando
E sede de flores matando
Gotinhas que brilham no ar
Vestindo de cores também
Mas convenhamos, porém,
Não brilham mais que teu olhar

NA MORTE



Todos temem
Diante da eminente morte
Lamentamos, choramos,
Na incerteza que pendente
Resta sofrermos.
Nesse momento tão igual
Tudo perde-se,
Em meio a tantos
Coragem, sentimento.
Na busca da eternidade
Consolida enfim!
(Overtrip)

UMA NOITE DESSAS!




O sol se abaixa no horizonte, descortinando um crepúsculo encantador,
mais parece um grande balão laranja incandescente.
Traçados marcados pela luz irradiante se dissipam lentamente,
na velocidade em que todo o universo se transforma.
O astro se retira despojado e confiante da glória desatada
no rastro majestoso.
Sinto gotículas da noite a serenar pelos galhos torcidos e
sem forma me lembrando que estou ali há horas.
Começo a ouvir grunhidos, pios e revoadas dos seres noturnos
que chegam para saudar o inchado luar que brota no alto.
Um sopro quente percorre todo o lugar e só então percebo a beleza
do jardim pitoresco em que me encontro.
É uma visão que beira à magia,
flores multicores que disseminam vida e sedução,
fragrâncias espalhadas nas mais diversas e indefinidas notas.
Um banco de madeira clara com nuances adocicadas,
me convida a tomar assento com tanta força e delicadeza
como um robusto noivo curvado.
Estrelinhas brilhantes que aparecem, vão e vem como piscar de olhos,
são os pirilampos brincando que provocam suspiros
diante dos gestos da pureza marcante.
Esse espaço bucólico esquecido ou parado no tempo,
parece sustentar e preservar o pouco de paz existente.
Não estou mais só, não tão só como cheguei,
levo comigo um aroma de manhã que encontrei nos primeiros raios,
no amarelo abrasador e ardente do mesmo sol que esperei voltar até agora!
Observo a tudo calada, a emocionante cena está presa,
gravada para sempre na memória absoluta de todos os meus dias.

HOJE



Houve um tempo que eu atirei meu coração paro o alto
E ele voltou despedaçado, sofrido e desalentado.
Então juntei seus pedaços carinhosamente e
Cuidei com calma, esperança e ânimo, e alegremente o vi renascer.
Mais uma vez atirei o meu coração ao alto
E mais uma vez ele voltou sofrido, desacreditado e em pedaços.
Com paciência e atenção juntei tudo novamente cuidando com carinho
e alegre o vi reviver.
Tentando vê-lo livremente voar e aportar, outra vez o atirei.
Meu coração foi ao alto e outra vez voltou em pedaços!
E sem calma, desacreditada, desalentada, sofrida e despedaçada,
Atirei os seus pedaços pro alto e aconteceu que ele voltou!
Voltou inteiro, cuidado, e renascido meu coração voltou feliz,
Bate compassado como uma orquestra divinal
Está então sorridente, vê beleza em tudo, em tudo um certo sinal
De uma fogueira acesa pelo vento rodopiante, gentil e iluminado
Trazido de outro continente.
Um doce perfume no ar, mais vida nas cores.
No toque o arrepio, na pele um brando calor.
Nas palavras há musica, no paladar vários sabores
Esperança no olhar, e vontade de voar e viver esse amor!

A VIDA E O CALEIDOSCÓPIO




Imagens multifaces
Momentos multicores
Se a púrpura prevalece
Ilusões de amores

O puro brilho de estrelas
Todo dia nós o temos
Dourado, verde ou azul
Depende de como fazemos

Quanta vida essa volta produz
Reconheçamos no que reluz
De que nada que vemos é igual

Tudo é lindo basta acordar e fazer
Um dia por vez , todo amanhecer
Viver a cada sonho é ser real

CIRCUNSTÂNCIAS



A pele em flor,
Sensibilidade!
Palavras certas,
Verdade!
Sonho aguardado,
Felicidade!
Amar por escolha,
Liberdade!
Vida de espera,
Ansiedade!
Beijo de amor,
Vontade!
Pensamento longe,
Saudade!
Coração atento
Fidelidade!

SEM RUMO!



Ah! Como eu queria agora ter a leveza de uma lembrança
Trazida pela emoção despertada
Eu queria ter a força de um furacão devastando pensamentos
Levando o princípio de sinais doridos de seios cravados
Eu queria ser beleza de um vulcão,
Jorrando sua incendiária lava no oceano e
Construindo terras férteis de confiança.
A profundidade azul do céu e o contrastante
Branco das nuvens que mesmo tão diferentes carregam no ar
A humildade de simplesmente existir.
Quem sabe talvez a velocidade de um pássaro
Rumando de encontro ao verão na distância de um beijo encolerizado.
Ah! Como eu queria agora flutuar nas mansas águas de um oásis
Tendo como fundo o doce mel dos seus olhos.
Pairar por sobre o veludo cálido da pele em chamas ou
A corrente gélida e pesada de uma  chuva torrencial.
Vagar no desértico cume de montes invisivelmente
Marcados pela mão forjada da dor.
Eu queria ser o verbo apropriado da palavra ao
Soar o meus mais íntimos segredos, meus ais,
Revelando assim o que mais cala dentro de mim.



LUAR DE AGOSTO




A lua tem seu brilho singular,
Espalha pela ramagem em gotas
Prateadas de néctar salivante.
Sombras de anjos se movem rapidamente
Brincando ao seu esplendor.
Fecho os olhos buscando e
Arfando busco o ar doce e calado da noite.
O manto negro e aveludado que cobria por inteiro
A paisagem agora cede lugar ao clarão que renasce
No horizonte.
Lentamente ela vem, fitando, latejando, enfeitiçando e
Tirando o meu sossego, a minha paz.
Minha alva pele responde ao seu toque macio e
Gentil, sinto o pulsar do pobre coração na ponta dos
Seus dedos.
A solidão se faz presente e mais uma vez estou a
Sonhar com o amanhã que certamente virá
Cravejado pelo prateado olhar brilhante desse luar
Que o agosto tem!

NOSSAS NÚPCIAS!





Pra sempre será meu amado,
Sei que também sou a sua vida
Sua esposa, seu amor e querida,
És tudo pra mim, eterno namorado.

Tenho um sublime e doce amor,
Quero viver a sorrir contigo
Mas se precisar serei ombro amigo
Darei minha mão a consolar-te na dor.

Nosso enlace é perfeição
Pois unimos de coração
Em uma condição honrosa.
Ensinaste-me a amar
Para sempre vou usar
O seu nome, orgulhosa!

MARCO ZERO



Minha memória voeja em sua busca,
Te caça, te acha e traz de volta.
Me pego e apego às lembranças contidas
De um passado tão presente e singular.
Sinto tanto a sua falta como se me falta o ar!
À distância e inimiga e cruel teima em
Separar corações unificados.
Duas almas presas em doação pelo laço invisível
E inquebrável do amor.
Vivendo cada segundo contado e aguardado,
Confiando o momento que embora findo,
Inicia-se no ponto tal.
Agarrando-se ambos em cada lado na suprema
E silenciosa decisão do soberano que decreta e marca,
Na imensa sabedoria a hora, o ponto e o lugar da
Almejada união.